Sexta-feira, 15 de Julho de 2005

o mar na minha vida...

barco.jpg


“Não podemos mudar a direcção dos ventos, mas podemos ajustar as velas”
Hoje acordei um pouco melancólica , triste sem saber muito bem as razões! Nem na praia me sentia bem e eu e o mar sempre tivemos uma relação de proximidade e respeito. Sempre vivi a poucos quilómetros dele, sempre senti o seu cheio e aprendi a conhecê-lo.
Desde muito nova que mal os primeiros raios de Sol aqueciam no horizonte eu partia de mochila às costas, de bicicleta, ao seu encontro! Não me importava se as águas estavam frias, gostava de o desafiar mergulhando nas suas ondas, correndo como uma criança atrás de uma bola, para não deixar fugir a melhor!
Hoje já não tenho a coragem de outros tempos, mas continuo a apreciá-lo, a procurá-lo nas horas de maiores incertezas. Falo com ele em silêncio, aprecio o seu estado, ora revolto ora calmo. Olho para o infinito tentando adivinhar aonde aquele mar me levaria se pudesse caminhar sobre ele, sem destino, como um barquinho de noz, balanceando-me nas suas ondas. Houve momentos em que apeteceu partir e não voltar, não ter ninguém à minha espera em nenhum cais!
A vida é um pouco como o mar, umas vezes calma e serena outras agitada e enfurecida. Tentamos mesmo em barquinhos frágeis fazer-lhe frente! Partimos sem grande segurança mas sempre ajustando as velas para conseguirmos vencer as ondas das incertezas e dos medos.
Enquanto lutamos para não naufragar passam ao nosso lado paquetes e belos barcos que perguntam se precisamos de alguma coisa, mas seguem o seu caminho, indiferentes às nossas dificuldades neste imenso mar que é a vida! Não têm tempo para ficar e nós continuamos a nossa luta tentando chegar a um porto seguro. Talvez até consigamos atingir uma pequena ilha para lá descansarmos da fadiga que é existir!
Mas tu, mar, és traiçoeiro! Quantas vidas jazem em ti? Quantos barquinhos frágeis já derrubaste? Tu podes ser o mais terno dos amigos, mas de repente transformas-te no mais feroz de todos os seres. Só que és algo a que não se resiste pela tua beleza e pelos segredos que escondes!
Hoje, fui mergulhar nas tuas águas estavas calmo quase sem ondas batias na areia com suavidade, a tua espuma branca parecia bolas de algodão. Mas eu gosto de te ver agitado, transmites-me coragem para seguir o meu viver, neste meu frágil barquinho, e quem sabe atracar junto a um paquete. E , apesar da minha pequenez, alguém reparar nos pequeninos barcos que circulam na estrada da vida!
Viver longe de ti era como se um bocado de mim se fosse, sinto a tua falta como se de alguém querido se tratasse, mas já não me aventuro como noutros tempos, porque em terra tenho dois pequenos marinheiros que me fazem voltar sempre ao porto .
Um dia quando os meus olhos se fecharem para sempre, em ti quero repousar; não gostava de ficar fechada num buraco sem ar, queria que as minhas cinzas fossem atiradas na tua imensidão. Não queria ser mais lembrada, queria descansar nas tuas ondas que outrora venci, nas tuas águas que tanto apreciei e assim descobrir mais os teus segredos! Porque os meus tu já sabes, é a ti que recorro quando preciso de tomar uma decisão ou sinto-me sem forças para ajustar as velas. Descanso sentada na areia! Olho o infinito e adivinho cada resposta pela forma como bates na areia, sinto-te sussurrar-me as respostas que precisava ouvir. Depois levanto-me, sigo o meu caminho e tu ficas indiferente ao meu sofrimento, continuando a enrolar ondas que se desfazem ao chegar a terra.
Tu és um pouco de mim. Só espero que quando já não for eu a tomar as minhas decisões, os meus pequenos marinheiros ou quem estiver perto de mim respeitem esta minha vontade de ser tua para sempre! Transforme o meu corpo em cinzas e me deixe ser livre; não quero continuar prisioneira deste mundo, quero pertencer-te! Quero deixar a minha alma partir à descoberta, percorrendo outros mares e paisagens. Irei contigo, desfeita nas tuas ondas.


pensadora
publicado por pensadora2 às 20:38
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5 comentários:
De Anónimo a 17 de Julho de 2005 às 19:41
Texto muito bonito! Beijinhos!sussurros da lua
(http://blogfullmoon.blogs.sapo.pt/)
(mailto:sdrcarvalho@hotmail.com)


De Anónimo a 17 de Julho de 2005 às 01:44
Também tenho vontade! Um dia disse aos meus: tornai meu corpo em cinzas, queimai-o! Espalhai-o! Espalhai-o no jardim para que meus olhos se tornem rosas e nelas suas maos possam passar sonhos! Que a tua vontade seja feita! bjs
My Heart
(http://myheart9.blogs.sapo.pt)
(mailto:my_heart99@hotmail.com)


De Anónimo a 16 de Julho de 2005 às 21:33
toda a nossa vida é um mar de rosas...às vezes sem espinhos outras não. resta-nos tirar os espinhos e aprecias as roas. obrigado pelo comentário. beijitos.Pensamentos em Branco
(http://pensamentosembranco.blogs.sapo.pt)
(mailto:anakatcc@hotmail.com)


De Anónimo a 16 de Julho de 2005 às 11:58
Mais uma vez por aki passo e me perco no dom que tens na escrita!Adorei o texto assim como adorei a surpresa de me teres visitado tb!Bjs e bom fim de semana!Neco
(http://www.imgay.blogs.sapo.pt)
(mailto:ccbaixinho@hotmail.com)


De Anónimo a 16 de Julho de 2005 às 00:20
Olá, obrigado pela visita! Gostei do teu blog. A vida é mesmo esse mar de que falas, mas olha que se um barco pequeno afunda no mar a probabilidade de ficares á superficie é maior do que num paquete!!!... Um abraaaaçoPaula Rocha
(http://www.paulaluamar.blogs.sapo.pt)
(mailto:golfinhaluar@hotmail.com)


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